Duas coisinhas a mais. Primeiro a resposta das editoras criticadas pelo Carlos Miele. E depois a gongada do grupo LVMH à crítica Suzy Menkes noticiada pela própria Erika.
"No
Brasil, quando uma editora gosta de um desfile é porque 'entendeu'.
Se fala mal, é porque 'não entendeu'. É conveniente para Miele se
fazer de 'marginal' e dizer que, mesmo com opiniões negativas das
mais importantes críticas de moda daqui, faz sucesso no exterior.
Não considero descabidas minhas críticas e acho que ele precisa
delas para encontrar seu caminho como estilista."
Erika
Palomino, Folha de
S.Paulo
"Eu
acharia ótimo se a moda de Carlos Miele coincidisse com seu discurso
e fosse realmente inspirada nos índios ou no candomblé. O problema
é que ele usa esses elementos de forma leviana, como puro marketing.
Mas ele está progredindo. Sua última coleção foi a menos ruim. E,
pelo menos, é coerente em um ponto: segue fazendo moda para a mulher
banalmente sexy."
Regina
Guerreiro, Caras
"O
discurso de Carlos Miele sempre foi eficaz fora do meio da moda. Ele
é um ótimo estrategista de marketing. Da última vez, apropriou-se
da cena indígena para mostrar roupas urbanas, que não faziam
nenhuma referência ao tema. O melhor desse desfile, como sempre,
foram os tecidos. Tomara que o sucesso internacional o faça esquecer
as mágoas."
Lilian
Pacce, O Estado de
S.Paulo
"E vai que essa moda pega!! Depois que a editora inglesa Suzy Menkes, do "International Herald Tribune", escreveu que era agressiva a coleção de John Galliano para a Dior e que isso não era desejado para o momento atual, Bernard Arnauld considerou que também não era desejado que a editora fosse convidada para qualquer outro desfile do grupo LVMH, o que incluía dois desfiles até o final da temporada francesa, amanhã, justamente o de Galliano em si e o da Louis Vuitton. Ou seja: gongo. O caso não tem precedentes na história, já que os personagens são da elite da moda internacional. Além de muito experiente, Menkes é a mais influente jornalista do planeta, seus artigos no "Herald Tribune" são lidos em todo o mundo -diferentemente do "New York Times", por exemplo, com maior penetração, obviamente, nos EUA. Ela norteia a opinião do mundo (dos compradores também). A véia sabe das coisas, e nenhum desfile começa sem que seu birote seja visto na primeira fila. A imprensa virou bicho, considerando que isso é, naturalmente, um cerceamento à liberdade de opinião. Para um jornalista, o fato não é, ao contrário do que se possa pensar, um pito. Mas um prêmio. Sinal que ela escreve o que pensa. E pega mal gongar"