domingo, 31 de julho de 2011

O Mascarado Polêmico

Como afirmei aquele era um texto introdutório. Através do site Mix Brasil conheci um tal de "O Mascarado Polêmico", antes de falar desse sujeito vejamos como o Mix, para quem não sabe, um portal gay, o descreve:

"Nem sempre seguindo as concordâncias verbais necessárias a um discurso minimamente esclarecido, nem sempre seguindo uma relação lógica entre imagem e fala e nem sempre seguindo uma linha de raciocínio lógica e clara, surge na internet a figura homofóbica de O Mascarado Polêmico, que já conta com pelo menos três vídeos, no mínimo mal feitos, sobre a diversidade sexual. A comunidade LGBT vira o alvo principal de um ataque sem rosto, apenas com voz e chiados, de um homem intolerante..."

Primeira coisa que chama atenção até aí é o fato de se levar muito a sério a opinião de um sujeito anônimo em meio a tantos discursos intolerantes que podem ser vistos em canais de vídeo.

Segundo, percebe uma clara tentativa de desqualificar não exatamente o discurso mas a forma, algo do tipo: dadas essas características não se pode esperar que daí venha coisa boa. Isso pode ser verdade, e no caso, talvez seja, mas nem sempre. Mas enfim, o que tem de mais nas palavras desse sujeito.

Vou comentar um dos vídeos apenas, é suficiente por ora. Ele começa dizendo que "agora é obrigado a concordar com aquilo que é estranho", segue afirmando que pode '" ter total respeito como pessoa" [fala dos gays, é claro] mas diz que "tem o direito de discordar com sua ideologia".





A única ideologia que une os gays é a de querer dar ou comer um cú, aqui quis ser intencionalmente grosseiro. Esse negócio de querer enquadrar as pessoas em categorias é coisa de esquerdistas amigo.

Ele fala de crianças e filhos mas por ser um assunto que me interessa, voltarei outra hora com mais calma, além do que esse não é seu ponto, então continuemos.

O assunto agora é "a tal da Parada Gay", que ele é "contra mas não pelo fato dela ser a favor dos direitos dos homossexuais ou essas coisas [essas coisas faz-me rir]".

O problema, segundo o "polêmico", é o fato de existir recursos públicos envolvidos nesse tipo de mobilização, ele diz que "nessas paradas, o governo faz questão de favorecer uma classe, investindo pesado dinheiro público".

E segue afirmando que o governo de SP teria esquecido que "enquanto está gastando dinheiro que NÓS [ênfase dele] arrecadamos....nesse momento tem uma galera passando fome..." e começa um discurso em favor dos excluídos.

Como os recursos são sempre escassos porque as demandas são infinitas (isso é economia na sua versão mais rasteira), de alguma maneira, sempre haverá classes mais ou menos favorecidas mas esse "favorecimento" não é fruto do acaso, trata-se uma construção social. Mas como ele mesmo diz, a tal classe gay só é favorecida, uma vez no ano, nessas paradas, logo, podemos concluir que no resto do ano são indigentes.

Não existe investimento pesado de dinheiro público, para ver isso basta verificar quanto representa no orçamento geral do município o montante destinado à Parada.

Os "nós arrecadamos" exclui os gays? Gay pelo visto não é cidadão, não consome, não paga impostos, não é responsável pelo emprego e renda de ninguém.

Para uma análise estritamente financeira seria ainda preciso considerar os efeitos sobre a receita arrecadada dos turistas que lotam São Paulo nos dias do evento que, na verdade, não se restringem ao domingo da Parada. Afinal o governo gasta mais ou recebe mais?

Mesmo que o resultado dessa conta seja negativo, isso não seria motivo a priori para condenar essa destinação. Governo não é empresa, não está obrigado a sempre "lucrar" financeiramente com suas ações.

Continua dizendo que "a mídia e o governo estão estimulando e favorecendo a homossexualidade ou ao grupo do gls e disso não tem como discordar". Hã? Como assim não tem como discordar? É uma verdade absoluta? Pois eu discordo e muita gente por aí também mas concordo que tem muita gente que pensa como você.

O problema desse tipo argumento é que ele supõe que os governos ao defenderem os gays e a mídia ao mostrar que eles existem estariam dizendo para à sociedade: olha ser gay é legal, por quê você também não é? Quem pensa assim acha é que possível fazer um homem gostar de chupar um pau, alguém da fato acredita que isso é possível?

A única coisa que eu vejo é sim um esforço para fazer com que a sociedade veja que os gays também são cidadãos/pessoas como quaisquer outros e que portanto precisam ser respeitados como tal e você não precisa ser um para pensar assim, como prova os muitos amigos héteros que eu e outros tantos gays tem.

Ele fala em privilégio que a mídia e a política brasileira tem dado e que "não cabe ao governo fazer propaganda da opção sexual de ninguém".

Vamos deixar passar o ponto da mídia, mas na política brasileira há isso? Se isso de fato houvesse o tal PL 122, ao qual você se refere, já seria lei. Como, onde e quando o governo fez essa tal propaganda de orientação sexual?

Tem um momento que o vídeo desbanca para um teoria conspiratória que envolve maconha, casamento gay , mídia, política e estrangeiros que estariam invadindo o país.

Finalmente, tem uma parte contraditória em que ele afirma que os políticos brasileiros não imitam as coisas boas que vem de fora e cita, por exemplo, a educação. Os gays também são a favor de mais investimento em educação, segundo pesquisa do IBOPE, no extrato dos brasileiros mais escolarizados, mais de 50% da população é a favor das "causas' gays.

Dadas essas discordâncias, há alguns pontos mais razoáveis.

1) "...muitas vezes pelo simples fato da pessoa falar não concordar com a ideologia gls já é considerada homofóbica...existe uma linha imensa entre não concordar com o homossexualismo e entre você quebrar uma lâmpada...na cara de uma pessoa porque ela é gay"

2) o caso do ator que disse que não faria cena com outro homem, ele diz "então quer dizer que o cara é obrigado mesmo se for contra seus princípios pessoais, contra sua criação e contra tudo aquilo que ele acha normal a fazer uma cena com outro homem por causa de dinheiro"

Eu não entendo nada de pecado mas não acho que ganhar dinheiro seja, então se o sujeito opta por fazer a tal cena pela grana não há nada demais. Mas o que se quer dizer é o sujeito passaria por cima dos seus princípios. Essa discussão é complicada.

Uma mente mais aberta diria: ah, se ele escolheu ser ator tem que fazer o que o personagem pede. O Zé Celso iria nessa linha, eu acho, mas como o diretor do Oficina não é o mestre dos mestres creio sim que um ator, como qualquer profissional, pode viver sim um conflito entre a sua moral e as necessidades que sua profissão vai exigindo e ao longo do tempo pode ir se equilibrando em torno dessa questão.

Alguém também poderá dizer dado esse discurso, esse cara não sabe representar, não domina o riscado, ou seja, não é possível ser um bom ator com essa moral, será isso mesmo?

3) "eu não posso ser considerado homofóbico se eu respeito à pessoa mas eu sou contra a opinião dela"

Alguns gays costumam argumentar que o discurso contra o homossexualismo mesmo quando prega o respeito estimula práticas violentas, isso, de fato poder ser verdade. Qualquer discurso pode ser apropriado dessa maneira. Ora, vai dizer que o sujeito que matou dezenas de pessoas na Noruega não tem um discurso baseado em ideias que estão presentes no programa de vários partidos de direita que ganham cada vez mais espaço numa Europa combalida? Mas daí a culpar esse movimento pelas mortes é querer limitar a diversidade de opiniões.

Mas o argumento gay é mesmo de quem fala que o governo e a mídia estão estimulando o homossexualismo. Ora, se ao mostrarem os gays na TV, isso faz com que as pessoas também deixem de ser héteros, como é que o discurso contra a homossexualidade não vai estimular a eliminação daqueles que são "portadores desse pecado"?