terça-feira, 19 de junho de 2012

Sinais do tempo que passa


É, Chico Buarque está completando 68 anos. Embora admirador de suas composições, o Chico homem nunca esteve em qualquer uma das minhas fantasias. Não poderia. Ao ver suas primeiras imagens representavam pra mim apenas um jovem senhor: respeitável, talentoso, razoavelmente inteligente, nada mais do que isso. Enfim, um sujeito apenas para ser respeitado e não desejado. Devo admitir que nessa conta pesava, e muito, o fator idade. Eu, um jovem adolescente, não sentiria tesão por um senhor que já passara dos 50.

E assim foi por muito tempo. A minha vida amorosa e/ou sexual raras vezes teve a participação de alguém absolutamente mais velho. Na verdade, com mais idade do que eu, mesmo um ou dois anos mais velhos foram pouquíssimos. Pelo contrário. No meu relacionamento mais sério a diferença era de sete anos mas, no caso, eu era o ancião da relação.

Mas tenho notado que essa preferência tem se alterado, ainda que discretamente. Antes eu nem abria possibilidade, agora percebo que estou mais aberto a esse tipo de situação. A última vez que saí fiquei com alguém, ele tinha exatamente dez anos a mais do que eu. Teria a meu favor o fato de que o sujeito nem de longe parecia ser tão mais velho. Até surgir esse fatídico assunto, imaginava-o na mesma faixa.

Por que estou falando disso? Porque sinto hoje os primeiros sinais do amadurecimento, não me sinto mal “espiritualmente”. Me sinto uma pessoa melhor, mais interessante e mais bonita do que há dez anos trás mas percebo que esse “envelhecer” envolve também a minha relação com o corpo. Penso, por exemplo, se vou me tornar um “urso” nível leve, sem a ideologia (tem alguma?) mas com as características. Agora os sinais do tempo preocupam-me no corpo e no rosto. Não que antes não houvesse, mas antes era ser mais desejável, agora é pra não parecer velho. Parece a mesma coisa mas há uma sutileza aí.

E o sexo? Ah, o sexo, ele agora parece exigir mais do que tesão. Ficar e ir pra cama no mesmo dia saiu da ordem das coisas. Não que pra fazer sexo eu esteja exigindo namoro, nada disso. Mas carinho, toque, afeto prévios são partes fundamentais da decisão de ir ou não para as quatro paredes. Embora, uma vez lá, não haja necessidade de tanto romantismo. Continuo gostando de coisas mais, poderíamos dizer, ardentes tanto como dantes.

Sinal dos tempos?

Duas coisinhas:
1. Os pega no tal sujeito dez anos mais velho envolveu uma questão pessoal. Já tínhamos nos visto em outras situações mas ele nunca pareceu aberto a uma investida. Como, quase sempre, só vou em alguém quando tenho certeza nunca investi. Agora pareceu uma vitória pessoal. Uma prova de que eu estaria supostamente mais desejável. Pelo lado negativo poderia interpretar exatamente no sentido contrário, ele é que estaria menos desejável e, por isso menos, exigente (acho que vou voltar pra terapia).

2. Mesmo vendo as fotos do Chico novo, nunca me empolguei. Na verdade, já conheci alguém bem parecido com ele nos seus melhores tempos e esse alguém nunca esteve na minha mira.