segunda-feira, 11 de junho de 2012

A Parada


Lá se foi mais uma Parada Gay mas, como diz o Zé Simão, continua na SPFW.

Embora divertido, a afirmação envolve uma falsa verdade.

Porque se a Parada é supostamente democrática, no Pavilhão da BIENAL há um muro separando as “bee” fashionistas - finas, ricas e bem nascidas que vão parar nas salas de desfile, daquelas que vão dar pinta nos corredores com suas “originalíssimas” criações.

(Dizem que a Constanza Pascolato é uma papisa da moda, uma referência, queriam os deuses que isso fosse verdade e não se veria tantos horrores, mas isso é outra coisa)

Sobre a Parada: muitas queixas, velhas lamúrias, mas deve vir por aí um ponto de inflexão, tem que vir.

André Almada dá o tom do discursos de muitos gays que se ausentam da Parada: "o evento perdeu seu glamour”

A bem da verdade é que o público-alvo da The Week e The Society não vão pra Parada, afinal como dizem os gays que acompanham o discurso do Almada: "Muita gente feia...Gente feia na verdade que dizer gente pobre que saiu da periferia dessa cidade, pegou o metrô fazendo muito barulho e uma vez por ano tem a oportunidade de ter a Paulista só pra si” (Francisco Hurtz, do MixBrasil)

Ou seja, a Parada é popular demais para um certo tipo de gay. Que tal transformar numa micareta com blocos, abadás e pipoca? 

A pipoca iria de qualquer forma. E as bichas finas teriam seu lugar privilegiado, não teriam que se misturar tanto. Aposto que bombaria, daria os tais 4 milhões que o Datafolha hoje nega.

Por falar nesse número, eu, preconceituoso que sou, mas não gosto de ser, que fique claro, vi que o presidente da Associação duvidou do levantamento da Folha de São Paulo. 

Ver um mar de gente e chutar um número é fácil. 

O cara é pai-de-santo, não deve entender muito de método científico. 

A festa tem muito disso, ou seja, é apenas uma festa e tem pouco, quase nada, de manifestação política mas não duvido do impacto das sua imagens transmitidas na televisão. 

Assisti a transmissão pelo UOL com mais gente online e era tanto chocho de gente que não se considerava representada ali, que considerava que por causa da Parada o preconceito seria maior. Gente que acha que há um jeito certo de ser gay. 

Eu aposto na liberdade individual, o fato de ser um gay assim ou assado não quer dizer em hipótese alguma que eu considere que há outras formas menos legítimas. 

Parece auto-ajuda mas ser você mesmo é sempre desafio. 

E pra mim, quem estava ali, estavam explodindo de si. 

Exageros sempre há mas quem disse a vida não pode ter um tom exagerado. 

Pra mim, ao fim, a Parada é sempre um momento emocionante, simplesmente porque odiaria se o mundo fosse feito apenas de gente como eu.

Mais cositas sobre a Parada: Reinaldo Azevedo, André Fischer, Tony Goes, Marcelo Cia