Essa semana, lendo um dos meus blogs favoritos, vi um pito que o Tony Goes fez à Folha de São Paulo. Em defesa do jornal escrevi mais ou menos o que segue abaixo:
Vamos
se consigo ser sucinto. Assim como você também sou leitor da Folha
há muitos anos, desde quando ainda era um jovem “inconsequente”
até se tornado um “jovem adulto”. A leitura do seu post me
trouxe algumas lembranças.

Em
24 de junho de 2003, no mesmo espaço, também sobre a Parada, o
jornal registrava que: “O
sucesso da parada é também um motivo de satisfação para São
Paulo, que, ao abrigar uma manifestação dessa natureza, revela sua
vocação cosmopolita e mostra que boa parte de seus habitantes e de
sua opinião pública cultivam a tolerância, a qual constitui a base
mesma do bom convívio democrático...Até que vivamos em um mundo
melhor, onde a orientação sexual de um indivíduo será tão
irrelevante quanto seu gosto por alimentos, é preciso cultivar
diariamente a tolerância e o respeito pela diferença. É uma forma
de ampliar a democracia”.
Em
de agosto de 2003:
“Direitos
de gays podem e devem ser afirmados, porque o homossexual não é
fundamentalmente diferente do heterossexual e, ao Estado, não
interessam preferências sexuais. O católico segue livre para
exercer seu catolicismo, e os que não quiserem ouvir os ensinamentos
de Roma podem seguir outros caminhos”.
Provavelmente,
você deve ter lido todos esses editoriais, pra mim, foram
especialmente importantes porque estava passando ainda por uma fase
de descoberta, aquele período que você e outros fazem referência
no filme “Não
gosto de meninos”.
De modo que, ler esses textos ajudaram-me a me formar como “gente
esclarecida”,
digamos assim.

2011:“Ao
garantir direitos de casais e famílias de pessoas do mesmo sexo,
Supremo põe a lei brasileira em compasso com novos anseios
sociais...Uma democracia, para ser completa, precisa ter mecanismos
como esse para impedir que grupos sociais, mesmo que majoritários,
impeçam a garantia de direitos fundamentais de minorias”

2010:
“Curiosamente, países onde se imagina ser mais forte do que aqui a
influência do clero -como Portugal, Espanha e a própria Argentina-
foram mais rápidos em aprovar o casamento homossexual do que uma
nação supostamente liberal em termos de costumes, como o Brasil. O
elogio da informalidade, a indiferença pelas formas jurídicas,
tantas vezes presentes nos discursos apologéticos sobre o país,
esconde aqui um lastro de timidez e subserviência ao preconceito que
cobra, de muitos casais de homens e mulheres, o preço de
dificuldades na vida prática e de uma semiclandestinidade no mundo
legal sem nenhuma justificativa, exceto o obscurantismo religioso”

Enfim,
dado o ativismo religioso que corre, me parece necessário inaugurar
ou ressuscitar um novo ativismo gay. O caminho não sei qual seria,
não sei se passa por mais ou menos radicalização, vejo iniciativas
isoladas como a versão brasileira do “It
Gets Better”,
aquela campanha “Eu
sou gay”,
o movimento pelo Casamento Igualitário, o PLC-122. Enfim, muita
coisa, mas tenho medo de que tudo isso acabe não dando em nada,
fique como apenas isso, iniciativas isoladas. Sei lá.