Resposta padrão: Claro que não, se eu não faço meu outing
por minha conta e risco, não posso aceitar a ideia de qualquer outro
o faça por mim.
E se você fosse uma figura pública?
Nesse caso, a discussão parece ganhar contornos mais dramáticos. Ou
seja, o quanto de privacidade essa figura teria?
Pra mim, quase nenhum.
Marisa Monte na FOLHA e Woody Allen no VALOR
deram recentes declarações sobre isso
Woody Allen sobre os inconvenientes da fama: “Você não
tem vida particular. Tudo o que faço está sempre sob escrutínio, o
que me obriga a me vigiar constantemente”
Marisa Monte:
“Eu
não me resguardo, levo uma vida normal. O lance é que os paparazzi
são bem sem criatividade. Eles ficam sempre na mesma área. Se você
quiser encontrar um basta ir na rua Dias Ferreira, no Leblon, ou na
orla de Ipanema. Eu só não circulo por essas áreas”
O
que me parece claro? Quem realmente não quer que sua vida seja
escarafunchada na mídia sabe o que tem que fazer.
W.Allen
na mesma entrevista diz que a fama é uma benção e que ao medir os
prós e os contras haveria sempre mais vantagens.
É
essa conta que é preciso fazer. Todos sabem que “esse
inconveniente” é um dos preços. É chato? Me parece que sim.
Você
é uma figura pública, frequenta bares, boates, saunas, casas de
swing, fica naquele rosca-enrosca gostoso, alguém tira uma foto e
divulga.
Para
alguém que é uma notoriedade não me parece que se possa falar em
privacidade. O roteirista do último filme do Clint
Eastwood na
matéria já citada do “NY
Observer”
toca nesse ponto.
Mas
as celebridades brasileiras gays não tem do que reclamar.
Marcos
Pasquim, por exemplo, foi flagrado beijando outra mulher enquanto
namorava uma atriz. A foto foi tirada e divulgada.
Mas
o homossexualismo parece tabu nas redações e olha que o que não
falta são gays, especialmente nas editorias de celebridades.
Toda
vez que se fala sobre algum famoso que foi visto em atitude suspeita,
não há fotos, nomes não citados, fica tudo apenas nas entrelinhas.
Algumas
vezes bem claras ou outras enigmáticas.Mas
citação direta não rola.
Suspeita-se
que isso poderia ser em função da tal “responsabilidade
jurídica”.
Mas
o que haveria de mal em ser gay, que não poderia ser divulgado,
desde quando dizer que alguém é gay seria, por exemplo, ofender sua
honra, mesmo que o sujeito não seja.
Ainda
conforme a reportagem citada esse argumento já foi, inclusive,
incorporado juridicamente em algumas decisões da justiça americana.
Tirar
famosos do armário poderia ser até mesmo um serviço de utilidade
pública.
Imagine
que impacto social não haveria se certas estrelas da tevê viessem a
público afirmar que são aquilo que realmente são.
Nem
falo de certos meios, nos quais isso não é exatamente um segredo.
Veja-se
o caso do Ricky Martin. Aqui mesmo no Brasil, muita gente já sabia.
Se
certo galã da tevê brasileira fosse menos covarde não
surpreenderia muita gente.
Mas
surpreenderia sim o grande público. E isso poderia ter um impacto
sim naquele cara que vive em certos rincões, ouvindo piadas sobre
ser gay, sobre o fato de que isso seria um pecado, motivadas menos
por convicções religiosas, propriamente ditas, mas porque
aprenderem que é isso que se deve dizer ao se deparar com um
homossexual.
Se Reinaldo Giannechini, Raí, Marco Pigossi, Luan Santana ou
qualquer famoso se assumisse, para a grande maioria do público
continuariam sendo sim a mesma pessoa que eram antes da revelação,
Ricky Martin já nos mostrou isso.
Pra mim, se assumir é sempre uma libertação.