Participando de um fórum numa comunidade dessa coisa "antiga" chamada Orkut foi levantada essa questão, daí alguém sugeriu que isso de apaixonar por héteros seria coisa de "bicha virgem ou super dentro do armário".
Simplificar pode ser uma vantagem e pode até mesmo revelar a verdade, algumas vezes, nem tudo na vida é tão complicado como queremos parecer que seja, mas não me parece que seja esse é o caso.
Eu já me apaixonei duas vezes por amigos héteros. No primeiro caso não éramos simplesmente amigos mas os melhores amigos um do outro.
Amigos de não apenas compartilhar segredos mas de vivê-los.
Estávamos sempre juntos, a ponto das pessoas estranharem a ausência de um quando da presença do outro.
Era algo próximo da ideia de que separados não tínhamos vida própria, naquele momento, talvez não tivéssemos mesmo.
E essa proximidade foi provocando aquelas naturais confusões na minha cabecinha um tanto ingênua, quase inocente apesar dos meus vinte e pouquíssimos anos. Mas isso não tinha nada a ver com sexo, era amor mesmo ou qualquer coisa parecida.
Estou vendo que essa história está ficando longa, vou encurtar apenas para descrever dois momentos decisivos.
O primeiro foi quando depois de uma festa em que esse amigo tinha bebido todas e queria sair de moto pra outra festa, decidi que eu iria com ele pra onde ele fosse, o que o fez vir dormir na minha casa. Dormimos na mesma cama e eu quase não dormir, super tentado a tocá-lo mas o medo de sua reação e os efeitos disso na nossa amizade sempre me fizeram recuar.
No segundo fomos dormir na casa de uma amiga dele, altos papos até de madrugada, com muito café, cigarro e alguma maconha, me retirei em certo momento vencido pelo sono. De manhã ao voltarmos pra casa ele me confidenciou, cheio de ressaca moral, que eles tinham transado.
Apesar do tempo a memória não falha ao lembrar da lágrima que quis cair no mesmo instante, a confusão entre raiva e a tristeza que estava sentindo e a necessidade de confortá-lo diante da sua própria angústia por ter feito sexo com alguém que ele sóbrio não faria.
Enfim, éramos duas pessoas naquele instante diante de seus conflitos mas ele tinha a mim para se abrir e eu me martirizava sozinho mas não sei se me arrependo disso, afinal o que vivíamos, mesmo daquele jeito, era bom. O que não quer dizer que me contentava com pouco. Apenas que a nossa amizade pra mim era, de fato, importante e, afinal, ele nunca me deu esperanças.
Continua...