Finalmente, algo a declarar.
Apesar do não beijo gay nas novelas, a Rede Globo está muito longe de ser uma "inimiga" do movimento gay. Creio que essa afirmação é aceita pela maioria dos ativistas. Eventuais deslizes podem até acontecer mas, no geral, a empresa tem tocado na questão da homossexualidade de forma respeitosa.
Ontem (05/08), o Fantástico apresentou duas reportagens de interesse da causa. Uma sobre as cirurgias de mudança de sexo e outra sobre homofobia, essa última é a que me interessa. A reportagem mostrou que a maioria das agressões surgem dentro de casa, são pais, irmãos, avós, os principais agressores de jovens que se assumem como gays. E isso me fez pensar sobre tolerância mas de ambas as partes.
Antes de seguir, um breve preâmbulo. Em algum momento da minha vida me apaixonei por um cara que sabotava sua própria vida. No início do relacionamento, eu não me importava muito. Cada faz o que quer da sua vida, prezo muito minha liberdade e por isso também me sinto na obrigação de deixar o outro ser livre. Bem, mas na medida que meus sentimentos foram crescendo, aquilo começou a me incomodar mas não exatamente porque aquilo me atingia mas porque eu gostava dele, sabia que aquilo não fazia bem pra ele, que poderia se prejudicar e que poderia cair numa armadilha que aos poucos estava sendo armada por suas decisões equivocadas. Em alguns momentos, isso foi motivo de briga, choro, raiva, dor.
Não, não quero justificar agressão física ou psicológica. Mas algo que com o tempo foi me ficando claro é que ainda que meus pais me critiquem, rejeitem minhas escolhas, eles nunca o fizerem por mal, pelo contrário, eles sempre me amaram e por causa desse amor acabamos muitas vezes em conflito pelo simples fato de que nossas interpretações sobre o que é melhor ou pior pra mim são divergentes.
Então, se um pai foi educado pra ver seu filho virar macho, jogar futebol, ter namoradas, casar, ter filhos, esposa e amante, bem se ele se formou assim, é claro que haverá alguma frustração se as coisas não acontecerem dessa maneira. Nosso pais sempre acham que sabem o que é melhor pra gente. Eles erram, às vezes, acertam. Mas, no meu caso, posso dizer apesar de tudo nunca duvidei do seu amor.