sábado, 21 de julho de 2012

Ainda Bruno Mazzeo, e aí, não gostou?

Voltando ao Bruno Mazzeo. Primeira coisa, artista brasileiro lida mal, muito mal com qualquer coisa negativa ou que supostamente considere negativa a seu respeito.

Agora mesmo, o autor de novelas Walcyr Carrasco entrou com um processo na justiça proibindo o Pânico de exibir imagens, caricaturas e seu nome.

Algum tempo atrás, a atriz Juliana Paes, pra minha profunda decepção, servindo-se do mesmo instrumento dito legal, proibiu o colunista Zé Simão de publicar o nome dela nas colunas que ele escreve na Folha

Isso pra ficar em dois exemplos, a lista é interminável. Mas e o pé atrás com o B.M.?

Bem, o negócio é o seguinte. Nesse link dá pra assistir parte de uma entrevista que ele deu pra Sarah no GNT. Ele fala de sua relação com a imprensa, trata do modo como o "jornal mais importante de São Paulo" abordou seu filme anterior, "cilada.com". Destaques do que ele diz:

COMECEI A LEVAR MUITA PORRADA SEM SER MERECIDO. JORNAL MAIS IMPORTANTE DE SÃO PAULO ME RIDICULARIZANDO NA CAPA COM UMA MANCHETE ESCRITA EM VERMELHO. MAS POR QUÊ?

MEUS AMIGOS MAIS PRÓXIMOS FALARAM: "NÃO LEIA PORQUE TÁ MUITO AGRESSIVO". AÍ EU NEM LI...ESCOLHO AGORA COM QUEM EU VOU FALAR, A GENTE VAI LANÇAR UM FILME AGORA E ESSES VEÍCULOS QUE TINHAM TIDO TODO UM CARINHO NA ÉPOCA DO LANÇAMENTO QUE EU PASSEI UM DIA INTEIRO RECEBENDO UM POR UM NO HOTEL, ELES VÃO ENTREVISTA COLETIVA, NÃO VÃO TER EXCLUSIVIDADE DE NADA.

AGORA, COM OS VEÍCULOS QUE EU CONSIDERO REALMENTE SÉRIOS, EU NÃO TENHO O MENOR PROBLEMA. 

A capa que ele faz referência é a do caderno de cultura da Folha, Ilustrada, a imagem foi essa:



A capa é agressiva? A imagem é realmente forte mas me parece cabível. Crítica cultural tem tirar artista e público de sua zona de conforto. E o texto, é pesado?

"EXEMPLAR DE GLOBOCHANCHADA REPISA PADRÃO DE ASSEPSIA ESTÉTICA"

Esse é o lead ou lide. Globochanchada é um termo cunhado pelo diretor Guilherme de Almeida Prado (A hora mágica; Onde andará Dulce Veiga). A ideia é chamar atenção para um tipo de filme que se tornou moda em que percebesse a vigência do "padrão Globo" em todos os seus aspectos (atores, assuntos, luz). Qual a parte ruim disso? A associação com a Rede Globo ou com as pornochanchadas?

O texto segue fazendo uma descrição burocrática do filme até que conclui da seguinte maneira:

"aqui e ali aparecem piadas mais cruas (ou grosseiras), sobre bafo, maconha, tamanho do pênis etc., que apontam para a tentativa de um humor mais arriscado...O resultado lembra a mistura de uma "sitcom" americana com "Zorra Total". Mas Mazzeo declarou ter se inspirado em comédias americanas como "Superbad - É Hoje" e "Se Beber Não Case". Só que, nesses filmes citados, a ousadia cômica costuma vir acompanhada por algum risco estético. No caso de "Cilada.com", a sujeira das piadas é neutralizada pela assepsia audiovisual. O filme brasileiro não foge a uma das marcas da globochanchada: a sensação de que todas as cenas -até as externas- foram filmadas num shopping center ou num condomínio fechado, cuidadosamente protegidos do caos, da vida, das ruas"

Isso é ser agressivo, é duro? Não há, por exemplo, crítica pessoal a ninguém, o que consta é uma crítica as opções estéticas do diretor do filme. Pode ser que a compreensão dessas opções esteja equivocada na visão de quem fez o filme. 

Mas o crítico precisa ver o filme com os olhos de crítico ou de apoiador? (Em alguns casos, as opções nem são tão excludentes). 

Ou será que o suposto carinho recebido no lançamento do filme tem como contrapartida uma crítica mais simpática?

Interessante que Bruno Mazzeo nos vende a ideia de que faz um favor ao receber a imprensa. Ora, meu caro, isso é uma política de toma lá, da cá. 



Quais seriam os veículos "realmente sérios" na visão desse astro do novo humor brasileiro? Hein, hein, será a imprensa produzida pela organizações Globo? Chamem o bonequinho.